Nascer do sol

Nascer do sol
Não basta admirar e exaltar a grandeza da natureza. É preciso cuidar para que ela permaneça bela e possa ser também apreciada pelas gerações futuras.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sobre o Halloween!

Antes que alguém resolva ter um ataque de patriotismo e conteste o meu Halloween, quero fazer uma breve "comparação" entre ele e o Folclore Brasileiro.

O Folclore Brasileiro é comemorado no dia 22 de agosto.

Folclore: s.m. conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado por um povo ou grupo populacional, por meio da tradição oral; populário.

Alguns mitos  folclóricos do Brasil:
Boitatá, Boto, Curupira, Lobisomem, Mãe-d’agua, Corpo-seco, Pisadeira, Mula-sem-cabeça, Mãe-de-ouro, Saci-Pererê.

Em 2005, foi criado do Dia do Saci, que deve ser comemorado em 31 de outubro. Festas folclóricas ocorrem nesta data em homenagem a este personagem.” (uma questão de concorrência).


Halloween – Inicialmente referia-se ao termo escocês “Hallo-Hellu” (véspera do Dia de Todos os Santos) e a noite das bruxas na cultura de países de língua inglesa e originou-se das celebrações dos antigos povos Celtas. Teve vários nomes: Samhaim (fim de verão), La Samon e Festa do Sol. Mas o que ficou foi o escocês Hallowe’en.

“Marca o fim oficial do verão e o início do Ano-Novo. Celebra também o final da terceira e última colheita do ano, o início de armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Uma das lendas de origem celta fala que os espíritos de todos que morreram ao longo daquele ano voltariam à procura de corpos vivos para possuir e usar pelo próximo ano. Os celtas acreditavam em todas as leis de espaço e tempo, que permitia que o mundo dos espíritos se misturasse com o dos vivos. Como os vivos não queriam ser possuídos, na noite do dia 31 de outubro, apagavam as tochas e fogueiras das suas casas para que elas se tornassem frias e desagradáveis. Usavam fantasias e faziam muito barulho a fim de assustar os possuidores de corpos.” (Google)

Como vêem, nada têm em comum e não vejo porque, num país democrático, em plena era da globalização, não se possa comemorar ou fazer alusões ao Halloween ou qualquer outra festa de origem estrangeira. Não vejo como isso desmerece a cultura brasileira. Portanto, antes de criticar, por favor, leia.

Fátima Almeida














segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A MENINA BORBOLETA



Em visita a certa cidade, recebi um estranho chamado. Uma senhora desconhecida precisava falar comigo e como se fosse uma coisa natural, dirigi-me para lá. Encontrei-a num casebre, em um bairro muito afastado e pobre, já muito doente e fraca. Ao seu lado, uma menina muito magrinha que deveria ter uns dois anos foi o motivo do chamado. Era seu desejo que eu levasse comigo aquela criança e dela cuidasse, pois não tinha mais forças para continuar a luta. Falou-me que vivia mudando de cidade, sempre reservada, para protegê-la.

Intrigada com a situação quis saber o que estava acontecendo então ela me disse que aquela criança era diferente, fazia “coisas”... Como transformar-se em objetos e apesar de não poder explicar ela aceitava e a protegia como uma guardiã. Como não sabia controlar os impulsos, por vezes as mutações aconteciam diante de estranhos. Há dias viviam naquele lugar, mas, a menina estava com outra criança quando viu um brinquedo e gostou. Transformou-se no brinquedo. A criança vizinha fugiu assustada e agora a pobre senhora temia que se a notícia se espalhasse algo de ruim acontecesse e ela não tivesse condições de defendê-la.

Ouvi todo o relato, atônita! Confesso que não acreditei numa só palavra, mas sabe Deus porque, diante do sofrimento daquela mulher fui incapaz de recusar ajuda. Sequer eu sei se era sua filha ou neta, mas era certo que a amava. Também não entendi “por que eu?”, mas na hora não questionei. Aproximei-me, a pequenina estendeu-me os minúsculos bracinhos e sussurrou “mamãe”. Abracei-a e ela grudou-se em mim como se fosse uma parte do meu corpo ou da minha alma.

Fugimos dali. Percebi que eu não estava só, algumas pessoas me acompanhavam embora não as conhecesse. Algum tempo depois chegamos a uma casa afastada, num lugar distante.

Telefonei para uma pessoa em quem confiava e pedi ajuda. Ela veio imediatamente com um acompanhante, estava disposta a ajudar, mas quando relatei os fatos, cética que era achou que eu estava louca e para nossa surpresa, enquanto discutíamos a menina literalmente dissolveu-se à nossa frente e em seu lugar, restou apenas uma maleta, exatamente igual à que trouxera. Estupefata, a pessoa, que eu considerava amiga, comunicou-se com alguém que descobri ser algo como um Instituto de Pesquisas, ou um Laboratório. Por certo tirariam a menina de mim, apesar das minhas súplicas e o pior, eu sabia, eu sentia que iriam maltratá-la.

Precisava encontrar um meio de salvá-la. De repente, enquanto meditava sobre a situação, uma linda borboleta colorida pousou ao nosso lado. Não sei bem explicar se era dia ou noite, mas, em meio ao escuro do céu, dois enormes círculos, um prateado e um dourado, jorravam luz em nossa direção. Sol e lua brilhavam juntos. Por que eu não me assustei com esse fenômeno? Olhei para a borboleta e para o céu. Era o sinal. Enfim a resposta às minhas preces. Se ela podia assumir a forma de um objeto, poderia transformar-se em um inseto. Algumas horas juntas foi o tempo que tivemos e eu a convenci a assumir a forma daquela borboleta e voar em direção à luz. Permanecemos unidas como se assim o fosse desde sempre. O imenso e inexplicável amor que sentia me dava forças para aquela separação e quando chegou a hora, pedi aos amigos que me ajudavam, para sorrateiramente, abrirem todas as janelas da casa. Então eu disse à borboleta, voe, voe alto minha menina, depois mamãe irá lhe encontrar. Ela voou. Nunca soube o seu nome. Sequer deram-me tempo de escolher um, mas decidi chamá-la apenas de Menina Borboleta.

Fátima Almeida
14/06/2015


 “Tinha um menino que saía todo dia,
E a primeira coisa que ele olhava e recebia com surpresa ou pena ou amor ou
Medo, naquela coisa ele virava,
E aquela coisa virava parte dele o dia todo ou parte do dia...
Ou por muitos anos ou
Longos ciclos de anos.”
  
(Walt Whitman (Folhas de Relva. Trad. De Rodrigo Garcia Lopes)