QUEM DIVIDIU O TEMPO?
Eis
que é chegado o final de mais um ciclo. Fizemos planos, projetamos metas e
trabalhamos para cumpri-las. Eis que é chegado também o tempo de fazermos um
balanço, para determinar o saldo de todas os nossos atos e atitudes, durante o ano.
É o momento em que precisamos refletir bastante, rever nossos conceitos e
tentar corrigir o que necessitar de correção. O tempo passa rápido e como
versejou o grande poeta Mário Quintana, “...quando se vê já é Natal... quando se vê já terminou o ano...”
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em
fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a
esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para
qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da
renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente.”
Esse
belo texto tem sido compartilhado na web com autorias controversas. Quem não
gostaria de tê-lo escrito? Já o atribuiram ao poeta bardo Shakespeare, ao
genial Chaplin, ao inigualável Drummond, e por fim, alguns sites apontam como
autor, o Jornalista Roberto Pompeu de Toledo. Seja quem for seu criador, estava
no auge da inspiração quando o escreveu e o publicou para que fosse apreciado e
comentado pelos que têm interesse em versar sobre o tempo.
O tempo... que
Caetano Veloso definiu como “um senhor
tão bonito, compositor de destinos, tambor de todos os ritmos e um dos deuses
mais lindos.” Que fez Renato Russo descobrir que todos os dias quando acordamos não temos mais o tempo
que passou, aliás,
conta-se que Galileu Galilei, em certa ocasião, ao lhe perguntarem quantos anos
teria, respondeu: “Tenho, na
verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais,”
e Cazuza nos lembra que “o tempo não pára.” Até um trava-línguas
popular nos leva à pensar sobre o tema: “O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo, que o tempo tem quanto
tempo, quanto tempo o tempo tem”.
Muitos
discursos, muita poesia, mas o tempo é muito mais que tudo isso. É uma questão
filosófica que cada vez mais desperta o interesse de cientistas, filósofos,
compositores, artistas e de todos que têm o hábito de organizar e cronometrar a
realização de suas tarefas.
No Livro XI, da obra Confissões, o Pensador Agostinho de
Hipona escreveu: “Que é, pois, o tempo?
Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só
com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? Quando
dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem
quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a
pergunta, já não sei.” Para ele, os tempos passado, presente e futuro
existem, na alma.
O filósofo Aristóteles, também dedicou-se ao estudo do
tempo. Encontrou uma relação entre
tempo, movimento e alma e afirmou que o
tempo poderia ser fracionado, dividido, mas incontável, composto de passado e
futuro: “O que já foi não o é, e o que será ainda não o foi”.
Quem nunca questionou, por que o ano tem
12 meses? Quem dividiu o tempo?
Estudos
e descobertas arqueológicas indicam que desde o aparecimento dos primeiros
hominídeos, em todas as civilizações antigas, por algum motivo, alguém já se
ocupava da medição do tempo. Inicialmente eles achavam que apenas o sol e a lua
se movimentavam, enquanto a terra ficava parada. Com o passar do tempo,
surgiram aparelhos que facilitaram a observação, juntamente com informações
colhidas dos agricultores sobre a inexplicável diferença de clima em
determinadas épocas. Estudiosos então, resolveram dividir o tempo.
Sabendo que o Sol voltava a passar exatamente pelo mesmo
lugar em determinado período, dividiram esse intervalo em 12 partes iguais e
chamaram de ano. 12 meses é o período
em que o planeta Terra faz sua volta em torno do Sol. Enquanto isso a Lua dá 12
voltas em torno da Terra e cada volta dura aproximadamente 30 dias – um mês. Então,
o ano tem 12 meses, o mês tem 30 dias, e cada dia tem 24 horas – tempo em que a
Terra dá uma volta em torno do seu eixo.
E cada povo usou suas crenças e costumes para elaborar
seu calendário:
Os Sumérios dividiam o ano em 12 meses de
30 dias sendo
que os dias eram divididos em 12 períodos (que equivalem a duas horas), e
dividiam cada um destes períodos em 30 partes (aproximadamente 4 minutos).
O calendário
Egípcio, inicialmente baseava-se nos ciclos das fases da lua. Depois os
egípcios vieram a utilizar o movimento da estrela Sírius, que passa próxima ao
sol a cada 365 dias, coincidindo com o início da cheia do Rio Nilo.
Os Maias, além do Sol
e da Lua, baseavam seu calendário também no planeta Vênus.
Os Judeus têm um
calendário lunissolar. Baseiam-se nos movimentos
tanto da Terra em relação ao Sol quanto da Lua em relação a Terra. Contam o tempo a partir da criação do Universo, que afirmam ter ocorrido
há cerca de 6 mil anos.
O calendário Árabe baseia-se no ciclo lunar e têm como referência o ano da Hégira – fuga
de Maomé de Meca para Medina - 622 a.C.
Para os Cristãos foi criado um calendário solar calculado por Dionysius
Exiguus,(calculista do Papa) e apesar de haver divergências nos registros
históricos, teve como marco inicial o nascimento de Jesus, Ano I da Era Cristã.
Mas
se somos imortais, o que é um ano diante da eternidade?
Sabemos
que a questão do tempo não é tão simples. Nós, enquanto seres humanos, precisamos
aproveitá-lo o máximo possível. Aportamos nesse orbe com a difícil tarefa de aprender
a amar o próximo a começar por nós mesmos. A missão é árdua e
precisamos correr contra o tempo, para aprender e colocar em prática o nosso
aprendizado. Nosso espírito, sim, é imortal, feito à imagem e semelhança de Deus, mas enquanto estivermos
aprisionados na matéria, precisamos gastar com sabedoria cada milésimo de
segundo do tempo que nos foi concedido, porque a cada existência por aqui, ele
é
limitado.
Uma nova fatia de
tempo, se aproxima. Que as pessoas consigam entender, que não se busca a paz
fazendo guerra. Que não é contra o próximo que devemos lutar e sim contra nós,
nossas imperfeições e se conseguirmos vencer o monstro do egoísmo que por vezes
nos domina, a paz virá como consequência benéfica. Virá como um Ano Novo.
FELIZ ANO NOVO! QUE SEJA BEM-VINDO 2016!
Fátima
Almeida
26/12/2015
Notas:
Calendário: conjunto de
unidades de tempo (dias, meses, estações, ano, ...), organizadas com o
propósito de medir e registrar eventos ao longo de "grandes
períodos".
O filosofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu em 322 a.C.
Agostinho
de Hipona, Santo Agostinho (354-430) foi um grande pensador.
Tempo – Mário Quintana (fragmentos)
Oração ao
tempo – Caetano
Veloso (fragmentos)
Tempo Perdido - Renato Russo (fragmentos)
OBS.:
No caso da falsa autoria, a confusão
pode ter se originado porque Drummond tem um poema sobre o ano novo, o Receita de Ano Novo
Fontes
da pesquisa, confirmando a falsa autoria:
Pesquisa Geral -
Google