Maria cansada e triste
Desgrenhada, espera a sorte
Um dia já foi mais forte
Tanto que ainda resiste
Resiste o corpo, a alma esmorece,
A fome corrói-lhe as entranhas
.............em dor
No ventre o filho, que ela sabe carece
De tudo mesmo, não basta o amor.
O trabalho é árduo, humilhante até,
No chão tão seco, a sede consome
O pouco de energia
............que resta com a fé.
A fé que cura as doenças
A fé que retarda a agonia
A fé que a mantém de pé
A fé em nova alegria.
Mas o tempo não passa,
............ se arrasta....
E para a desgraça de Maria
O sol brilha mais forte
E a chuva que vinha pro norte
Não cai como se previa.
Chorar não mais adianta...
O suor já não poreja
E a dor... como um chicote....
...........lanceja.......
É o fim de uma vida?
É a reta final?
É o triste destino
De Maria de Tal.
Extraído do livro METAMORFOSE- Da Larva à Borboleta de Fátima Almeida
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